quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Estou esperando o seu lencinho...

Eu estou chorando de novo... Fazia anos que eu não tinha uma recaída assim... Minha vida tinha voltado ao normal, eu estava bem e quase não lembrava de você... Conheci pessoas novas, fiz amigos novos e a maior parte das pessoas que convivem comigo atualmente não sabe que você existiu e de repente eu senti um aperto no peito por perceber que pessoas importantes para mim não sabem da nossa história, eu escondo uma parte de mim que foi tão importante, no caso você... Minha mãe está preocupada comigo, acho que ela não me vê assim desde que você se foi, ouvi ela ligando para sua mãe quarta-feira passada (Falando em quarta-feira, elas são amaldiçoadas são os dias mais difíceis), mas voltando a falar sobre o telefonema, elas choraram, sei disso porque minha mãe estava tentando consolar a sua daqui, mas era óbvio que ela não conseguiu porque ela também estava chorando. Ouvi minha mãe falando que eu sinto sua falta e que eu chorei praticamente novembro inteiro escondida (Ela tem razão, chorei no banho para ninguém ouvir, no ponto de ônibus e em tantos outros lugares que perdi a conta), ela acha que tem alguma coisa a ver com o fato de eu ter viajado sozinha bem na época do aniversário da sua morte, eu falei mil vezes que foi uma coincidência, mas ela não acredita em mim. Eu queria que você tivesse comigo as vezes sabe? Queria que tivesse comigo no dia que eu vi um dos por do sol mais bonito da minha vida e que tivesse lá para me fazer companhia... Queria que meus amigos atuais pudessem ter te conhecido e que eu pudesse falar sobre você sem sofrer. 
Esses dias eu entendi porque ando sentindo sua falta bem agora depois de tanto tempo... É justamente porque chegou a hora de eu seguir em frente, ano passado eu comecei a sentir a mesma coisa que sentia por você mas por outro alguém e foi a primeira vez sabe? (Achei que isso nunca mais aconteceria) Fiz umas análises e percebi que os últimos caras que eu fiquei foram embora de alguma forma, fiquei pensando se escolhi propositalmente ficar com caras que iam embora para repetir o luto que vivi ou se simplesmente queria me proteger de viver um relacionamento que fosse duradouro porque daí não existiria mais espaço para nossa história.
Eu não sei qual é a resposta, mas estou vivendo o momento mais triste e mais feliz da minha vida. De uma hora para outra me arrependi de não contar para os outros sobre nós! Queria contar para todo mundo que me conheceu depois da sua morte, o quanto eu fui a menina  mais sortuda e amada quando estávamos juntos! Queria que soubessem que um dia eu te amei! Que depois de você também gostei de mais dois caras que sumiram da minha vida igual você, mas que quando eu tenho vontade posso visitar as redes sociais deles e as vezes rola até uma curtida nas minhas fotos de instagram. 
Eu continuo chorando, mas dessa vez meu choro tem motivo, fui fazer um limpa no meu guarda-roupa e achei um moletom seu, um daqueles que você esqueceu aqui, uma das poucas coisas que eram suas e que ficaram para mim... O meu irmão entrou bem na hora no quarto e me viu olhando para o moletom, comentou algo sobre você usar ele só no inverno e que a gente está no verão, pegou a roupa das minhas mãos e enfiou no fundo da minha gaveta de novo, em seguida me falou que estava na hora de eu roubar uns moletons do Cadu. Voltei a chorar de novo, porque se você tivesse aqui me falaria que chorar faz bem e em silêncio buscaria um lencinho para mim. Estou esperando esse lencinho tá?


* Escrito em 23/01/2017


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

As bolhas de sabão estouraram antes de 2019

2019 chegou como um trator, passando por cima de tudo e sem ao menos me dar tempo de assimilar 2018... Ainda não sei se isso é um bom sinal ou não. Se por um lado me ajudou a dar adeus a 2018, um ano interminável que me fez um mal enorme, tenho medo dele ter chego em um momento importuno não me dando espaço de assimilar o que aconteceu em 2018, e quando não refletimos sobre nossos erros e sentimentos damos margem para repeti-los, e tudo que não preciso é sofrer novamente. 
Falar de 2018 é muito difícil, ele foi intenso, isso não posso negar... Foi tudo tão insano, que não sei direito nem por onde começar. Como tudo na vida ele foi feito de momentos bons e ruins e ainda preciso assimilá-los para entender se os ganhos foram maiores que as perdas. Tiveram tantas coisas maravilhosas principalmente no primeiro semestre, terminei minha gestão na Enactus com muito sucesso, impacto, amizades e resultados; escrevi um capítulo de livro que foi publicado; comecei três estágios incríveis; aprendi milhares de coisas novas; me aproximei ainda mais da administração uma área do conhecimento que sempre tive vontade de entender melhor; conheci pessoas especiais tanto na vida pessoal como na vida profissional que me ensinaram muito; viajei para Fortaleza com amigos para o Encontro Nacional da Enactus Brasil, voltei para Jericoacoara lugar que tenho um carinho enorme,  continue participando de projetos sociais dos quais me orgulho muito, prestei vestibular de novo, me apaixonei. Mas 2018 também foi um ano de finalizações, de finalizar ciclos para iniciar outros, e no meio do caminho me vi me despedindo das coisas e das pessoas que mais me faziam felizes, me vi me despedindo de mim mesma e isso me custou um preço altíssimo do qual ainda estou pagando.  
Realizações, sucesso e conquistas exigem abdicações e sacrifícios, eu sempre soube disso, mas ainda não sei ao certo se abdiquei das coisas certas em prol do que conquistei, e pensar nisso me angustia muito e me dá vontade de chorar, acredito que o tempo me dirá se fiz as escolhas certas e se não fiz de qualquer forma eu terei aprendido.
Mas por que foi tão ruim? Foi ruim porque não me permiti me amar, me cuidar, respirar, valorizar o que estava construindo e comemorar minhas conquistas... Lembro de um determinado momento do ano colocar a cabeça no travesseiro e perguntar-me o que eu estava fazendo da minha vida, eu me doei para muita gente esse ano, mas me respeitei pouco, esqueci que meu tempo é valioso e que não adianta construir sem poder usufruir. Fiz rotinas intensas de trabalho e parei de me dedicar ao que gostava. Me despedi de forma abrupta de tudo que representava minha história, deixei a Enactus, o Roda de Saia, me despedi da Extensão em Bonfim, do PEIC, eu sabia que isso iria acontecer em algum momento, mas não sabia o impacto que isso teria na minha rotina. Além dos projetos, me afastei dos meus amigos sem perceber, me distanciei das pessoas que mais amava e nem percebi o que foi mais cruel ainda. Minha família também não estava em sua melhor fase e eu não pude dar a atenção da qual ela merecia, lembro de estar só de corpo presente nos cafés da minha avó e de um dia não comparecer em um porque estava tão exausta fisicamente e mentalmente que dormi (me senti péssima por isso). 
As vezes me pergunto se estou com uma percepção distorcida da realidade, odeio assumir para mim mesma que meu ano foi ruim, afinal 2016 e 2017 foram tão incríveis e nos últimos 3 anos venho reclamando que tenho pouco tempo, sempre fiz milhares de atividades simultaneamente, as pessoas me perguntavam como eu conseguia me dedicar a tantas coisas e fazê-las tão bem e eu nunca sabia explicar, só sabia que antes me sentia realizada e completa, mas não sei o que aconteceu que mudou meu estado de satisfação de 2016 e 2017 para angustia em 2018, afinal meu ritmo de vida continuava quase o mesmo e eu conquistei milhares de coisas. Qual foi então a diferença? Tenho algumas hipóteses, pode ter sido o cansaço acumulado dos outros anos, a pressão de ter que lidar com o fim da graduação e me deparar com o futuro (finalizações nunca são fáceis para mim), as eleições presidenciais, um coração partido devido um quase relacionamento conturbado para caralho ou o mais provável a junção de todas as opções anteriores. 
Dezembro fiquei extremamente introspectiva, analisando tudo que aconteceu, me dando conta de todas as coisas que ganhei e perdi. Lembrei que vivi momentos inesquecíveis no Ministério Público e no Assentamento com o projeto das fossas sustentáveis, que criei laços inexplicáveis e aprendi infinitamente no Supera e no Projete, que conheci pessoas maravilhosas, fortaleci algumas poucas amizades, criei oportunidades para minha trajetória profissional, amadureci, cresci muito no âmbito profissional e amoroso também. 
O saldo parece equilibrado, mas não me sinto satisfeita, estou me recuperando ainda, estou me curando de um coração despedaçado devido uma história que me colocou no buraco, de não poder estar com a minha família como gostaria, de por falta de tempo não conseguir estar com meus amigos que se despediram de mim com o fim da graduação, por não conseguir dizer "NÃO" para os outros e me colocar em primeiro lugar.
Estou aprendendo e isso é o suficiente para me manter em pé, eu que sempre fui resistente a abrir mão dos meus valores, me vi perdida deles. Faz três anos que venho prometendo desacelerar, olhar para mim, faz três anos que venho negando isso para mim mesma. Achei que 2019 ia ser diferente, mas me vejo atolada de coisas e ainda é janeiro, me sinto exausta, perturbada e com muito medo de repetir tudo de novo, mas uma tal de intuição insiste em me mostrar que esse não é o caminho. Não é atoa que ela me fez escrever esse texto. Seguimos firmes no propósito autocuidado para 2019. 

sábado, 31 de março de 2018

Meu Rio...Nosso Rio?

Hoje fiquei pensando sobre o Rio de Janeiro. Acho trágica a contradição da cidade maravilhosa... Como beleza, violência, riqueza e pobreza se fundem como algo natural? Senti saudades de um Rio que conheci e desejei por um momento que ele fosse por completo assim... Queria que meu pensamento tivesse força suficiente para fazer as pessoas e as coisas mudarem #iludida. Enquanto isso eu só fico no desejo e nas minhas fotografias... 






domingo, 28 de janeiro de 2018

Entre ex-cunhadas

A saudade está me matando, vamos dizer que talvez eu esteja tendo outra recaída, doí muito e é lá no fundo da alma, uma dor tão profunda que chega quase ser a dor que eu senti nas primeiras semanas de luto. É um aperto que me sufoca, me sinto fraca com vontade de gritar e abraço todas as pessoas na esperança de algum desses abraços me consolar, mas nenhum substitui o seu e fico angustiada de pensar que nunca vou poder te abraçar de novo, começo a chorar. 
Semana passada fui no cemitério, eu e sua irmã, o Cadu se ofereceu para ir junto, mas preferi que fosse uma visita entre ex cunhadas. Eu não ia no cemitério desde a sua morte, não conseguia, era e ainda é sempre muito difícil ficar de frente para algo que comprove que você nunca mais vai voltar. Chegamos no túmulo em silêncio, fiquei em frente a lápide fria que estava cheia de flores, olhei para sua irmã confusa e ela me falou que eram de Cadu, de repente me dei conta que Cadu trabalha muito perto do cemitério e mais tarde descobri que ele sempre vai conversar com você, inclusive sua irmã me contou que quando tentamos ficar juntos ele ia quase todos os dias no seu túmulo pedir conselhos, ele nunca me contou isso, na hora que descobri ri, isso é tão típico de Cadu, mas agora pensando achei trágico e me deu vontade de chorar. Cadu é ótimo, mas você já sabe disso, ele está namorando agora, sabia? Me apresentou a namorada dele no meu aniversário e achei simbólico, primeiro porque a primeira vez que ele tentou ficar comigo foi na minha festa e segundo porque meu aniversário é em finados e eu, ele e todos nossos amigos sempre lembramos de você, mesmo que nos últimos anos evitamos tocar no seu nome nas minhas comemorações.
Fiquei um tempão olhando as flores, passei mais tempo ainda olhando sua foto sorridente do lado da foto do seu avô, comecei a lagrimejar, achei que ia ser mais fácil, pensei que iria desmaiar. Sua irmã e eu trocamos um longo olhar e ela me abraçou, foi um abraço forte, quase como seu abraço e talvez tenha sido por isso que eu comecei a chorar descontroladamente e só depois me dei conta que ela também chorava. 
Ficamos sentadas no seu túmulo com os rostos inchados de choro, ela ficou brincando de bem me quer e mal me quer com uma flor. Conversamos sobre a faculdade, sobre os caras que pegamos recentemente, ela me perguntou se eu ainda te amava, disse que existem amores que nem a morte separa. Me contou que achou um caderno seu de anotações e que nele tinha vários textos com meu nome, perguntou se eu queria para mim de recordação, eu disse que sim. Sua irmã sempre foi um anjo na minha vida, me pergunto como foi que deixei ela escapar, porém me dei conta que foi eu mesmo que escapei porque doía demais estar com ela e lembrar de você. 
Fomos para sua casa, descobri que seu quarto virou um escritório, mas seu violão continua intacto no mesmo lugar e parece que você vai aparecer a qualquer momento para tocar uma música. Jantei com seus pais, nos sentamos na mesa da sala de jantar, conversamos causalidades, sua mãe fez aquela torta de frango que é minha favorita e me deu mil beijos e abraços falando que sentia minha falta. Seu lugar na mesa ficou vazio o tempo inteiro e me lembrei dos jantares de domingo que a gente ficava de mãos dadas por de baixo da mesa ouvindo seu pai falar sem parar sobre o Palmeiras enquanto esperávamos a sobremesa. A verdade bateu na minha cara de uma forma arrebatadora ao perceber que diferente da sua mãe, a minha jamais vai poder fazer de novo seu macarrão com molho branco preferido para você poder comer.
Sua irmã falou do estágio, depois contou para seus pais do meu estágio também, sua mãe sorria para mim e me pediu infinitas vezes que eu voltasse, seu pai me perguntou se eu gostei da namorada do Cadu e eu disse que ela parecia bem legal, a sua mãe sussurrou algo sobre ter torcido para ele e eu termos dado certo, foi quando seu pai me perguntou se eu estava namorando... Me deu um nó na garganta, eu quis começar a chorar, mas só sorri e disse que não. Ele falou que eu precisava seguir em frente, comentei que talvez tivesse um cara na jogada, ele me perguntou se era palmeirense, eu disse que não. Pensei que ele ia ficar decepcionado, mas no fundo acho que ficou aliviado.
Lavamos a louça todos juntos como nos velhos tempos, na hora de ir embora, recebi um abraço coletivo e me arrependi muito de ter me afastado da sua família, pedi desculpas, e me senti idiota, eles sofreram tanto quanto eu, na verdade até mais, e eu fui egoísta. Mas assim como você eles sempre foram muito compreensivos. Sua mãe disse algo de ter perdido um filho e ganhado uma filha, fiquei sem reação...
Na hora de embora quando entrei no Uber comecei a chorar, mas dessa vez foi de alegria. Desde aquele dia comecei a achar que as coisas vão ficar bem, na verdade elas já estão ficando, e talvez essa não seja uma recaída, mas sim o final de uma fase que parece que está ficando bem resolvida. Sinto sua falta, mas estou entendendo que faz parte da vida, talvez esse seja o último texto que vou escrever para você.   

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Sobrevivi na tempestade da calmaria

É quase Natal, entrei de férias ontem, essa semana foi muito nostálgica, fiquei pensando em muitas coisas, entre elas no meu terceiro ano do ensino médio... Talvez tenha sido porque encontrei amigas daquela época ou porque alguns fantasmas apareceram. Fiquei pensando o quanto eu mudei de lá para cá, existe uma nova Bianca, mas ao mesmo tempo a mesma Bianca continua aqui. Fiquei buscando uma semelhança entre 2013 e 2017, e entre os dois cheguei a conclusão que esses foram anos muito intensos... Não só intensos, mas foram épocas tumultuadas da minha vida que eu mal tive tempo de respirar. Em 2013 vivi em função dos vestibulares, não tive escolha. Em 2017 minha vida se resumiu em estágios e projetos sociais, porém diferente de 2013 escolhi viver no caos, um caos louco mas que ao mesmo tempo era muito bom.
No começo de 2017 pensei que seria impossível ter um ano que alcançasse o ano de 2016, 2016 tinha sido incrível, foi maravilhoso, eu viajei muito, conheci pessoas maravilhosas, vivi uma experiência intensa em uma ocupação do Movimento dos Sem Tetos, entrei para entidades estudantis, me permiti ser alguém que eu queria ser, mas que até então não era. Foi um ano repleto de aprendizados, descobertas e liberdade. Achei que tinha sido o melhor ano vivido que eu tinha lembranças, fiz as pazes com a psicologia, me permiti conhecer coisas e pessoas novas, fui presenteada com milhares de oportunidades, mal sabia que 2016 era só o começo de uma fase incrível da minha vida e que 2017 seria mais louco e abençoado ainda do que ele, fui impressionada novamente. 2017 conseguiu ser tão bom quanto, talvez até melhor, a diferença é que só fui me dar conta do quanto foi bom agora que está acabando. 
Só agora que desacelerei é que estou começando a entender o que ele significou, estou assimilando esse turbilhão de sentimentos. 2017 foi ano de viver intensamente, de dormir pouco, de trabalhar no final de semana, de não ter tempo para respirar. Mas ao mesmo tempo foi ano de ver todos os projetos que eu me envolvi se materializando, colhendo frutos, andando, saindo do papel. Ano de valorizar minha vida e as oportunidades que eu tenho, de me conectar com a pobreza, com a inocência das crianças, com o empoderamento feminino, com assuntos dos mais diversos, empreendedorismo, empreendedorismo social, economia solidária, sustentabilidade, consumo consciente, mão de obra justa e valorizada, educação, trabalho escravo entre muitas outras temáticas. Foi ano de pesquisa intensa, mas também de prática, foi captação de recursos, networking, possibilidade de crescimento, assumir cargo de liderança, lidar com pessoas que pensam diferente de mim, aprender e me permitir conectar com assuntos e temas que eu não tinha domínio, foi aprendizado, desencanar de notas de faculdade, chegar atrasada nas aulas e usar com louvor meus 30 por cento de faltas. Explorei o mundo, saí da bolha da universidade, trabalhei em comunidades na boca do tráfico, entrei muitas vezes na favela para buscar crianças. Na vida profissional atendi 27 pacientes na clínica (tem horas que nem acredito). Ouvi e lidei com histórias de todo os tipos, desde luto, depressão, ansiedade, assassinato, suicídio até dificuldade de aprendizagem. Também lidei com gente rica, político, empresário. Aprendi que se pode aprender com qualquer um, com qualquer experiência em qualquer ocasião, basta querer e estar aberto para isso. 
No meio do caos que foi fazer tudo isso, fiquei muitas madrugadas acordada, tomei muito chá, ouvi muita música e só Deus sabe como consegui ter tempo para fazer muitas amizades, sair com pessoas especiais, ver meus avós toda sexta-feira e me apaixonar. O cosmos está de bem comigo, estamos conectados numa energia muito boa. 
Parece que tudo foi lindo, mas não foi... Julho foi um pesadelo, minha avó ficou internada mais de um mês e ver alguém que se ama no hospital é algo muito horrível, acho que foi o mês que mais desliguei de tudo, mas passar dias inteiros no hospital, me fez me aproximar mais ainda dela, me fez me conectar novamente com a brevidade da vida e com a necessidade de se viver mais o presente e menos o passado/futuro, acho que isso me deu forças para continuar e seguir em frente. Além desse episódio, muitos foram os momentos durante o ano que eu só queria poder ter tempo para dormir e descansar, ou até mesmo que eu queria jogar tudo para o alto ou sumir, nem tudo foi flores e o cansaço muitas vezes apareceu e não quis ir embora. Mas agora fazendo uma retrospectiva desse ano, acho que tudo foi tão mágico que para conseguir colher os frutos, era natural que eu passasse por tanta barra, e não foram poucas, mas elas foram proporcionais aos desafios que me permiti viver e que sorte a minha poder ter as vivido. 
Sou tão grata ao universo, que me mostrou que podemos sair da inércia e que ao sair dela o mundo sozinho se compromete de nos mostrar o caminho a seguir, ele trata de nos dar as oportunidades. Me orgulho da Bianca que eu pude ser, da intensidade desse ano que me ensinou tanto. Descobri que a Bianca intensa que está dentro de mim, pode ser externalizada e que tem um conjunto de pessoas que gostam dela e se beneficiam das suas ações. 
A calmaria não veio, mas no turbilhão descobri a força que tenho e espero que essa força tenha sido útil para o universo e para outras pessoas que vivem nele além de mim.

*Escrito em 23 de dezembro de 2017