quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

As bolhas de sabão estouraram antes de 2019

2019 chegou como um trator, passando por cima de tudo e sem ao menos me dar tempo de assimilar 2018... Ainda não sei se isso é um bom sinal ou não. Se por um lado me ajudou a dar adeus a 2018, um ano interminável que me fez um mal enorme, tenho medo dele ter chego em um momento importuno não me dando espaço de assimilar o que aconteceu em 2018, e quando não refletimos sobre nossos erros e sentimentos damos margem para repeti-los, e tudo que não preciso é sofrer novamente. 
Falar de 2018 é muito difícil, ele foi intenso, isso não posso negar... Foi tudo tão insano, que não sei direito nem por onde começar. Como tudo na vida ele foi feito de momentos bons e ruins e ainda preciso assimilá-los para entender se os ganhos foram maiores que as perdas. Tiveram tantas coisas maravilhosas principalmente no primeiro semestre, terminei minha gestão na Enactus com muito sucesso, impacto, amizades e resultados; escrevi um capítulo de livro que foi publicado; comecei três estágios incríveis; aprendi milhares de coisas novas; me aproximei ainda mais da administração uma área do conhecimento que sempre tive vontade de entender melhor; conheci pessoas especiais tanto na vida pessoal como na vida profissional que me ensinaram muito; viajei para Fortaleza com amigos para o Encontro Nacional da Enactus Brasil, voltei para Jericoacoara lugar que tenho um carinho enorme,  continue participando de projetos sociais dos quais me orgulho muito, prestei vestibular de novo, me apaixonei. Mas 2018 também foi um ano de finalizações, de finalizar ciclos para iniciar outros, e no meio do caminho me vi me despedindo das coisas e das pessoas que mais me faziam felizes, me vi me despedindo de mim mesma e isso me custou um preço altíssimo do qual ainda estou pagando.  
Realizações, sucesso e conquistas exigem abdicações e sacrifícios, eu sempre soube disso, mas ainda não sei ao certo se abdiquei das coisas certas em prol do que conquistei, e pensar nisso me angustia muito e me dá vontade de chorar, acredito que o tempo me dirá se fiz as escolhas certas e se não fiz de qualquer forma eu terei aprendido.
Mas por que foi tão ruim? Foi ruim porque não me permiti me amar, me cuidar, respirar, valorizar o que estava construindo e comemorar minhas conquistas... Lembro de um determinado momento do ano colocar a cabeça no travesseiro e perguntar-me o que eu estava fazendo da minha vida, eu me doei para muita gente esse ano, mas me respeitei pouco, esqueci que meu tempo é valioso e que não adianta construir sem poder usufruir. Fiz rotinas intensas de trabalho e parei de me dedicar ao que gostava. Me despedi de forma abrupta de tudo que representava minha história, deixei a Enactus, o Roda de Saia, me despedi da Extensão em Bonfim, do PEIC, eu sabia que isso iria acontecer em algum momento, mas não sabia o impacto que isso teria na minha rotina. Além dos projetos, me afastei dos meus amigos sem perceber, me distanciei das pessoas que mais amava e nem percebi o que foi mais cruel ainda. Minha família também não estava em sua melhor fase e eu não pude dar a atenção da qual ela merecia, lembro de estar só de corpo presente nos cafés da minha avó e de um dia não comparecer em um porque estava tão exausta fisicamente e mentalmente que dormi (me senti péssima por isso). 
As vezes me pergunto se estou com uma percepção distorcida da realidade, odeio assumir para mim mesma que meu ano foi ruim, afinal 2016 e 2017 foram tão incríveis e nos últimos 3 anos venho reclamando que tenho pouco tempo, sempre fiz milhares de atividades simultaneamente, as pessoas me perguntavam como eu conseguia me dedicar a tantas coisas e fazê-las tão bem e eu nunca sabia explicar, só sabia que antes me sentia realizada e completa, mas não sei o que aconteceu que mudou meu estado de satisfação de 2016 e 2017 para angustia em 2018, afinal meu ritmo de vida continuava quase o mesmo e eu conquistei milhares de coisas. Qual foi então a diferença? Tenho algumas hipóteses, pode ter sido o cansaço acumulado dos outros anos, a pressão de ter que lidar com o fim da graduação e me deparar com o futuro (finalizações nunca são fáceis para mim), as eleições presidenciais, um coração partido devido um quase relacionamento conturbado para caralho ou o mais provável a junção de todas as opções anteriores. 
Dezembro fiquei extremamente introspectiva, analisando tudo que aconteceu, me dando conta de todas as coisas que ganhei e perdi. Lembrei que vivi momentos inesquecíveis no Ministério Público e no Assentamento com o projeto das fossas sustentáveis, que criei laços inexplicáveis e aprendi infinitamente no Supera e no Projete, que conheci pessoas maravilhosas, fortaleci algumas poucas amizades, criei oportunidades para minha trajetória profissional, amadureci, cresci muito no âmbito profissional e amoroso também. 
O saldo parece equilibrado, mas não me sinto satisfeita, estou me recuperando ainda, estou me curando de um coração despedaçado devido uma história que me colocou no buraco, de não poder estar com a minha família como gostaria, de por falta de tempo não conseguir estar com meus amigos que se despediram de mim com o fim da graduação, por não conseguir dizer "NÃO" para os outros e me colocar em primeiro lugar.
Estou aprendendo e isso é o suficiente para me manter em pé, eu que sempre fui resistente a abrir mão dos meus valores, me vi perdida deles. Faz três anos que venho prometendo desacelerar, olhar para mim, faz três anos que venho negando isso para mim mesma. Achei que 2019 ia ser diferente, mas me vejo atolada de coisas e ainda é janeiro, me sinto exausta, perturbada e com muito medo de repetir tudo de novo, mas uma tal de intuição insiste em me mostrar que esse não é o caminho. Não é atoa que ela me fez escrever esse texto. Seguimos firmes no propósito autocuidado para 2019. 

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