terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Sobrevivi na tempestade da calmaria

É quase Natal, entrei de férias ontem, essa semana foi muito nostálgica, fiquei pensando em muitas coisas, entre elas no meu terceiro ano do ensino médio... Talvez tenha sido porque encontrei amigas daquela época ou porque alguns fantasmas apareceram. Fiquei pensando o quanto eu mudei de lá para cá, existe uma nova Bianca, mas ao mesmo tempo a mesma Bianca continua aqui. Fiquei buscando uma semelhança entre 2013 e 2017, e entre os dois cheguei a conclusão que esses foram anos muito intensos... Não só intensos, mas foram épocas tumultuadas da minha vida que eu mal tive tempo de respirar. Em 2013 vivi em função dos vestibulares, não tive escolha. Em 2017 minha vida se resumiu em estágios e projetos sociais, porém diferente de 2013 escolhi viver no caos, um caos louco mas que ao mesmo tempo era muito bom.
No começo de 2017 pensei que seria impossível ter um ano que alcançasse o ano de 2016, 2016 tinha sido incrível, foi maravilhoso, eu viajei muito, conheci pessoas maravilhosas, vivi uma experiência intensa em uma ocupação do Movimento dos Sem Tetos, entrei para entidades estudantis, me permiti ser alguém que eu queria ser, mas que até então não era. Foi um ano repleto de aprendizados, descobertas e liberdade. Achei que tinha sido o melhor ano vivido que eu tinha lembranças, fiz as pazes com a psicologia, me permiti conhecer coisas e pessoas novas, fui presenteada com milhares de oportunidades, mal sabia que 2016 era só o começo de uma fase incrível da minha vida e que 2017 seria mais louco e abençoado ainda do que ele, fui impressionada novamente. 2017 conseguiu ser tão bom quanto, talvez até melhor, a diferença é que só fui me dar conta do quanto foi bom agora que está acabando. 
Só agora que desacelerei é que estou começando a entender o que ele significou, estou assimilando esse turbilhão de sentimentos. 2017 foi ano de viver intensamente, de dormir pouco, de trabalhar no final de semana, de não ter tempo para respirar. Mas ao mesmo tempo foi ano de ver todos os projetos que eu me envolvi se materializando, colhendo frutos, andando, saindo do papel. Ano de valorizar minha vida e as oportunidades que eu tenho, de me conectar com a pobreza, com a inocência das crianças, com o empoderamento feminino, com assuntos dos mais diversos, empreendedorismo, empreendedorismo social, economia solidária, sustentabilidade, consumo consciente, mão de obra justa e valorizada, educação, trabalho escravo entre muitas outras temáticas. Foi ano de pesquisa intensa, mas também de prática, foi captação de recursos, networking, possibilidade de crescimento, assumir cargo de liderança, lidar com pessoas que pensam diferente de mim, aprender e me permitir conectar com assuntos e temas que eu não tinha domínio, foi aprendizado, desencanar de notas de faculdade, chegar atrasada nas aulas e usar com louvor meus 30 por cento de faltas. Explorei o mundo, saí da bolha da universidade, trabalhei em comunidades na boca do tráfico, entrei muitas vezes na favela para buscar crianças. Na vida profissional atendi 27 pacientes na clínica (tem horas que nem acredito). Ouvi e lidei com histórias de todo os tipos, desde luto, depressão, ansiedade, assassinato, suicídio até dificuldade de aprendizagem. Também lidei com gente rica, político, empresário. Aprendi que se pode aprender com qualquer um, com qualquer experiência em qualquer ocasião, basta querer e estar aberto para isso. 
No meio do caos que foi fazer tudo isso, fiquei muitas madrugadas acordada, tomei muito chá, ouvi muita música e só Deus sabe como consegui ter tempo para fazer muitas amizades, sair com pessoas especiais, ver meus avós toda sexta-feira e me apaixonar. O cosmos está de bem comigo, estamos conectados numa energia muito boa. 
Parece que tudo foi lindo, mas não foi... Julho foi um pesadelo, minha avó ficou internada mais de um mês e ver alguém que se ama no hospital é algo muito horrível, acho que foi o mês que mais desliguei de tudo, mas passar dias inteiros no hospital, me fez me aproximar mais ainda dela, me fez me conectar novamente com a brevidade da vida e com a necessidade de se viver mais o presente e menos o passado/futuro, acho que isso me deu forças para continuar e seguir em frente. Além desse episódio, muitos foram os momentos durante o ano que eu só queria poder ter tempo para dormir e descansar, ou até mesmo que eu queria jogar tudo para o alto ou sumir, nem tudo foi flores e o cansaço muitas vezes apareceu e não quis ir embora. Mas agora fazendo uma retrospectiva desse ano, acho que tudo foi tão mágico que para conseguir colher os frutos, era natural que eu passasse por tanta barra, e não foram poucas, mas elas foram proporcionais aos desafios que me permiti viver e que sorte a minha poder ter as vivido. 
Sou tão grata ao universo, que me mostrou que podemos sair da inércia e que ao sair dela o mundo sozinho se compromete de nos mostrar o caminho a seguir, ele trata de nos dar as oportunidades. Me orgulho da Bianca que eu pude ser, da intensidade desse ano que me ensinou tanto. Descobri que a Bianca intensa que está dentro de mim, pode ser externalizada e que tem um conjunto de pessoas que gostam dela e se beneficiam das suas ações. 
A calmaria não veio, mas no turbilhão descobri a força que tenho e espero que essa força tenha sido útil para o universo e para outras pessoas que vivem nele além de mim.

*Escrito em 23 de dezembro de 2017

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