domingo, 13 de maio de 2012

A história: Um guarda-chuva vermelho




A chuva bate na janela e lembro da ultima vez que corri nela, era uma noite de julho e meus cabelos voaram na brisa, Afonso corria comigo e nossas roupas se ensopavam com a água fria da garoa que mais tarde se transformou em tempestade. Minhas mãos se dividiam entre o guarda-chuva vermelho e a mão quente dele. Nossos olhares se cruzavam em silêncio e por mais que não queríamos nos molhar lutávamos para não chegar em casa, nenhum dos dois queria se separar. Cada minuto que podíamos ficar juntos era precioso, no outro dia não haveria mais chuva, mãos dadas, sorrisos ou abraços, ele pegaria o avião e dificilmente voltaríamos a nos ver...
Todos comentam dos famosos romances de verão, porém ninguém se lembra dos de inverno,esses começam do nada e acabam mais rápido do que podemos imaginar, posso compará-los com o frio, quando ele chega sentimos falta do calor, porém quando vai embora esperamos por ele ansiosamente.
Sinto falta daqueles dias... Escuros, sem vida, congelantes e angustiantes para muita gente, menos para mim. Gosto de lembrar das corridas de mãos dadas na chuva, das xícaras de chocolate quente, das blusas de frio emprestadas, dos filmes em baixo do cobertor e das longas e intermináveis noites sem energia, quando nos sentávamos um do lado do outro no escuro para conversar milhares de coisas e rir sem motivo.
Acabamos junto com o frio, ao ir embora ele me levou o amor... Os cobertores foram guardados, troquei o chocolate quente por refresco, e o sol iluminou o restante dos meses. Ficaram só lembranças e saudade.
Agora com a chuva batendo novamente na janela meu coração se aperta percebendo que o inverno já voltou. Lembro-me que é hora de voltar a usar o guarda-chuva vermelho e os cobertores, porém tem uma grande diferença, Afonso não estará aqui para dividi-los comigo ou para ao menos me emprestar sua blusa de frio ao me ver tremer... É acho que agora o inverno será triste, angustiante e ainda mais deprimente do que é para as outras pessoas... Não vejo a hora de o verão voltar.

Um comentário:

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