Minha cabeça está um turbilhão (me pergunto porque vou escrever tudo isso aqui. Se eu estivesse escrevendo em um diário certamente esse seria um dos textos desabafos de lá, mas faz 8 meses que parei de escrever e agora por força do hábito resolvi escrever aqui o que escreveria lá, não sei se é uma boa ideia, primeiro porque provavelmente eu não vou publicar e a segunda é porque tenho a sensação que ao escrever no diário estaria guardado para todo sempre e aqui não, o virtual é tão mutável e tão mais fácil de se perder, só eu tenho essa sensação? As vezes tenho vontade de ler conversas que tive por MSN e não tenho mais o histórico, daí penso que se eu trocasse cartas não teria esse problema, ou teria porque provavelmente só teria as cartas recebidas e não as escritas... devaneios,.. te pediria desculpas por eles, mas esse texto é só para mim mesmo, então não vou pedir...)
Sobre o turbilhão, não sei o que aconteceu, mas um tsunami passou por aqui durante um dia(zinho) comum, que tinha tudo para ser um dia como qualquer outro e não foi... E desde aquele dia as coisas se transformaram em uma grande catástrofe... Está tudo quebrado dentro de mim, devastado, machucado e agora é como se eu tivesse decretado estado de emergência e precisasse levantar, limpar os entulhos e me reconstruir. (Porque é tão difícil escolher? Tomar um decisão e não outra é sempre um grande problema na minha vida... Eu nunca gostei de perder oportunidades, eu quero agarrar o mundo e talvez seja por isso que é tão complicado para mim ter que optar por uma coisa ou outra... Devaneios de novo)
Nesse nevoeiro de segredos revelados, histórias nunca antes ditas, situações que eu não sei lidar, a angustia me pegou de uma tal maneira e eu percebi que preciso me reinventar, fico pensando como uma história de outra pessoa totalmente alheia a gente pode repercutir tanto em nossa vida? As histórias de pacientes, amigos, família, todas elas se misturaram numa só semana e eu me vi nessas histórias de uma forma tão absurda que entrei num estado de calamidade, acho que agora entendo porque dizem que psicólogos tem que fazer terapia, lidar com os problemas dos outros não é nada fácil, eles te consomem, você se identifica, sofre e muitas vezes o problema do outro afeta a sua vida de uma forma que você não tem o menor controle, pelo menos é o que está acontecendo comigo nesses últimos dias... Um segredo de alguém, me fez descobrir um segredo de outro alguém importante para mim, esse segredo de outro alguém repercutiu na minha vida de uma tal maneira que agora muitos pontos fazem sentido, porém eu não estou sabendo digeri-los... Paralelo a isso o destino me fez assistir um filme super problemático que me deixou mais estabilizada ainda, juntando tudo isso tive um insght da minha própria vida fazendo supervisão de um caso clínico de uma paciente e juntando tudo isso tenho duas decisões importantes para tomar, preciso decidir quais estágios vou querer fazer ano que vem e preciso tomar vergonha na cara e dar uma resposta para outra pessoa que devo uma satisfação... Isso seria muito pouco se junto ainda não tivesse uma infinidade de problemas para serem resolvidos no projeto social do qual eu participo (que resolveu dar tudo errado nessas duas últimas semanas) ou se eu não estivesse em fim de semestre com mil trabalhos para entregar,incluindo a defesa da minha monografia e um trabalho assustador sobre abuso e violência doméstica em uma criança (que me faz chorar todas as vezes que penso nele)...
A resposta é meio obvia, em meio a essa maré de problemas, acaba que só resolvo os problemas dos outros e os meus ficam estagnados, eu mal tenho tempo para parar, respirar e decidir o que fazer, fico sempre em segundo plano e enquanto estou estagnada aqui, os sentimentos estão virando grande bolhas, bolhas que poderiam ser leves como bolhas de sabão, mas essas não são, elas são de chumbo, ou melhor são ácidas, me corroem de pouquinho em pouquinho, me machucam, me causam dor, me assustam, me amedrontam... Mas acho que elas são importantes para me fazer crescer, me fortalecer...
Depois de ler o que escrevi até aqui, cheguei a uma única conclusão: Resolvi desacelerar, respirar fundo e manter a fé nessa vida e nessa Bianca que está se constituindo em meio ao caos, porque parece que não mas depois de toda tempestade vem a calmaria não vem? Sempre soube que escrever é terapêutico, me sinto bem melhor agora...