segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Não existe amor em SP


Eu passei uma semana em São Paulo, já tinha ido para lá, mas nunca para conhecer a cidade realmente, sempre tive uma ideia romantizada da grande metrópole, a cidade cultural, cheia de possibilidades e histórias, recheada de pessoas e lugares. Mas não foi essa cidade que conheci, São Paulo me causou um conjunto de sentimentos contraditórios que beiraram da angustia ao desespero. Não quero negar que existe um lugar bonito, cheio de manifestações culturais geniais, que existem pessoas que se amam e oportunidades únicas, não quero que ninguém me massacre e me julgue por eu dizer que não gostei de SP, enxerguei o belo que existe lá, mas ele não foi suficiente para mim. Mesmo sabendo de todas as coisas boas, as coisas ruins não me permitiram deixar de lado, as sensações obscuras que tive nesses 7 dias. As pessoas correndo como robozinhos no metro, se empurrando, olhando para os pés, aquela não troca de olhar, homens e mulheres se movimentando no automático, quase sempre com pressa. Os mendigos na rua, a pobreza disparada, deixada ali a olho nu e cru para qualquer um ver e no meio disso as ilhas perdidas (bairros e ruas exclusivas) que afastam essa pobreza, a contradição, a desigualdade que tenta soar de forma invisível. As pessoas se acostumaram com crianças pedindo dinheiro, com a correria da vida, com andar mecanicamente pelos mesmos lugares, em aguentar trafego constante ou aturar 2 horas no transporte público para trabalhar ou para voltar a noite cansado para casa. Todos meus amigos me disseram que era falta de costume, que eu precisava de um tempo de adaptação, mas isso era o que não queria, fiquei com medo de realmente me acostumar com tudo aquilo  que eu acho triste e errado, fiquei aborrecida em perceber que certamente se eu passasse ali mais tempo eu iria normalizar tudo aquilo que pareceu assustador aos meus olhos. Nunca na minha vida uma música fez tanto sentido, até essa semana não tinha levado a sério o Criolo com sua música " Não existe amor em SP", mas na minha cabeça ela é a maior definição de São Paulo, é um retrato fiel do que eu senti ao pisar lá, foi a trilha sonora dessa minha experiência.
Saí de São Paulo satisfeita, não por causa de toda a pobreza que vislumbrei, nem por causa de toda a cultura que adquiri, mas sim pela a viagem de autoconhecimento que a experiência me proporcionou, descobri algumas coisas que eu não sabia sobre mim mesma. Não tenho perfil para morar numa metrópole, sou mais sensível do que imagino e agora sei mais sobre mim, sobre meus roteiros de viagem e tudo isso me possibilitou também uma viagem interior, que me mostrou sentimentos, sensações e vontades antes não exploradas. 
SP valeu apena, na cidade pode não existir amor, mas em todos os dias que fiquei lá existiu amor dos meus amigos. Fiquei com pessoas incríveis, visitei lugares únicos e matei a saudade de amigas especiais que fizeram do meu intercâmbio no começo do ano, um grande sonho.  
Ficou uma única dúvida: Será Criolo que "não precisa sofrer para saber o que é melhor para você"?

3 comentários:

  1. Também eu prefiro cidades pequenas e até certo bucolismo. Não à toa, amo passar meus dias no sítio da minha família e, quando fui decidir em que universidade eu queria estudar, pesou muito na escolha a localização da mesma, já que eu não me sentiria nada à vontade morando numa cidade grande. São João del-Rei foi uma ótima escolha para mim!

    Engraçado que, agora, meio que por acaso, me lembrei de que conheci seu blog num de seus posts que falava sobre Poços de Caldas. Você se lembra?

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  2. Que triste que você 'não gostou', sabe eu sempre quis conhecer SP só que eu acho que eu não consigo ficar muito no meio de pessoas 'alheias' as coisas ao redor
    beijos
    lolamantovani.blogspot.com.br

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  3. Eu sou suspeita porque sou apaixonada por SP, assim muito! Uma das coisas que mais sinto saudades no Brasil é justamente dela, de tudo que ela oferece, da loucura de SP. Mas entendo tudo isso que você falou, é uma cidade conflituosa, caótica, e é difícil ver beleza. Você falou algo muito real: quem está lá se acostuma com injustiças. Mas espero que em oportunidades futuras você consiga gostar um pouquinho mais da minha cidade do coração <3 Beijos!

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