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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Reflexões no caminho da Argentina


Aqui estou escrevendo pelo celular, sentada numa cadeira de um aeroporto completamente vazio... meu estado se resume a alguém que está quase 24 horas sem dormir, sozinha e com 26 kg de bagagem, sendo que eu não peso mais que 50 kg, sim  carrego mais da metade do meu peso... Ser uma pessoa compacta nunca foi o meu forte... As vezes a vida nos prega peças, as vezes ela nos presenteia, acho que no meu caso estou mais para a segunda opção! Estou realizando um sonho, um que veio de mansinho e que não imaginei que aconteceria tão rápido na minha vida... Sim vou viajar para fora do Brasil, e diferente do que imaginei vou viajar sozinha e isso é ao mesmo tempo magnifico e também assustador! Queria muito que esse dia chegasse e agora que chegou parece um grande sonho do qual posso acordar a qualquer momento!
Engraçado que quando decidi que iria viajar me lembrei de quando construí esse blog em 2012, nessa época tive que escrever sobre mim para montar a aba "Sobre a autora" do blog e no primeiro parágrafo escrevi exatamente essas palavras (ainda está lá, se alguém quiser conferir):  

"Gosto de um bom par de all star e do vento bagunçando o meu cabelo. Bianca combina com otimismo, simplicidade, família, amigos, sorvete e um bom livro... Amo poder sonhar, quero conhecer o mundo, me inspirar na cultura de outros povos, ajudar as pessoas mais necessitadas."

Bom a Bianca de hoje continua bem parecida com aquela de 2012. Ainda combino com all star e vento no cabelo, continuo gostando de passar o maior tempo com minha família, de curtir a simplicidade, o otimismo (um pouquinho mais do que antes), amo sorvete e um bom livro. Mas diferente daquela época, agora a última frase do parágrafo está acontecendo, o tempo verbal mudou do "quero conhecer" para "estou conhecendo" e o mais louco de tudo isso é que estou conhecendo um pedacinho do mundo, me inspirando com uma nova cultura (saudade arroz, feijão e bife) e também vou ajudar pessoas necessitadas. Sim esses 45 dias que ficarei fora do país (Na Argentina uhuul) estarei fazendo trabalho voluntário com crianças carentes, uni o útil (fazer o bem para outras pessoas, ajudar quem precisa) ao agradável (turistar, conhecer lugares novos, viajar). 
Espero que essa viagem seja tão boa quanto as minhas expectativas sobre ela, nunca imaginei que conseguiria em um só projeto realizar mais de um plano!

Besitos 

P.S: Antes de chegar na Argentina tinha pensado em postar uma foto por dia no instagram como um projeto sabe? 45 dias, 45 fotos, não sei se vou conseguir cumprir, mas se eu registrar aqui talvez me obrigue a cumprir a promessa... @biancamaced0

P.S 2: E sim as fotos durante o tempo que eu ficar aqui vão ficar desformatadas mesmo, nesse tamanho horrível e com resolução de celular porque não trouxe minha câmera (eu sei fui burra, estou arrependida já) e nem o computador que edito minhas fotos. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Someday de Beagá


Ela faz macarrão, o irmão mais velho entra na cozinha, oferece ajuda. A menina mulher pergunta se ele quer picar os ingredientes para o molho, ele faz uma careta mas resolve pegar a tábua dentro do armário e a faca na gaveta. Ele mal imagina, mas sempre foi o porto seguro dela, o amigo, pai, conselheiro, protetor. Os dois trocam um olhar repleto de respostas de perguntas não ditas numa cozinha abafada e silenciosa, o mais velho impaciente resolve colocar uma música no já surrado celular, de repente fica em dúvida se a irmã conhece a música que está prestes a tocar, "Mallu já ouviu essa música?", e começa a tomar conta do ambiente a melodia de Someday do The Strokes, ela começa a sorrir, um sorriso tímido que vai tomando conta de seu rosto sem a mesma perceber. Ele olha para ela com aquele olhar interrogador, do tipo quero saber o que você está pensando, sua sobrancelha se arqueja num ar de mistério, na tentativa de tentar descobrir telepaticamente o que a irmã caçula está pensando. 
Mallu viajou para uma noite de três meses antes que havia passado em outra cidade, e talvez seja por causa dessa viagem mental que não percebeu o olhar curioso do irmão. Ela se viu numa cozinha abafada, mas muito menor do que a da sua casa, menor ainda porque corpos se misturavam e se apertavam, disputando um lugar numa pia de um cubículo que nada mais era do que um apartamento em Minas Gerais. Eram amigos tentando fazer uma macarronada ao molho branco acompanhada de bacons caramelizados, quem a visse acharia que era uma chefe de cozinha, mal imaginavam que ela mal sabia fritar um ovo. 
Os cinco amigos riam incansavelmente, a primeira garrafa de vinho vazia jogada sobre a mesa da sala começava a fazer os seus primeiros efeitos, alguém fazia um comentário idiota sobre a palestra de Psicologia Criminal que alguns deles tinham assistido no dia anterior e todos se colocaram a rir, um deles se queimou na panela quente e o outro resolveu abrir uma garrafa de Catuaba, alguém comentou que aquela bebida aumentava a libido, Mallu olhou de canto de olho para um dos meninos, ninguém percebeu, nem mesmo ele, ela respirou profundamente decepcionada. 
No apartamento o cheiro do macarrão se misturava com o cheiro forte da fumaça de paiero que vinha dos outros meninos que fumavam na sala enquanto esperavam a comida ficar pronta. Mallu terminou de beber o resto de vinho que tinha na sua taça, preparando-se para a Catuaba. Ficou pensando o quanto aquela atmosfera possuída do calor, do cansaço daquele longo dia, do cheiro de cigarro e do álcool no sangue lhe fazia feliz, uma felicidade sutil que ela nunca imaginou que pudesse sentir, mas que apareceu  assim de repente e ficou ali a possuindo. 
Alguém comentou que uma música faria bem, todos olharam para o dono do apartamento que segurava o notebook no colo, preparando-se para assistir o jogo de futebol que estava para se iniciar, o apê era pequeno, tinha vários livros espalhados pelos pequenos aposentos e não havia espaço para televisão. Ele perguntou se alguém gostava de indie, Mallu soltou um eu e o restante dos meninos falaram que podia ser qualquer música e assim Someday do The Strokes começou a tocar, e ela tocou várias vezes até o dia de Mallu ir embora. Virou trilha sonora da viagem e da estádia dela naquele pequeno apartamento perdido no mundo. O seu refrão se ecoou na janta, no café da manhã, nas brigas dos amigos, nos momentos de felicidade, nos beijos perdidos, nas noitadas e até nos fones de ouvido já no aeroporto na hora de voltar para casa. 
E agora ela tocava novamente, naquela cozinha espaçosa e vazia e ali não tem os amigos, as garrafas de vinho, a catuaba, os cigarros de palha (que ela odiava), nem a cumplicidade daqueles bons dias, Mallu sente apenas nostalgia. Leva um susto ao olhar para a cara séria do irmão e como se tivesse despertado do devaneio, apenas responde a pergunta feita anteriormente pelo mais velho sobre se ela conhecia a música "Lógico que conheço essa, super velha e clássica." Ele sorri e suspira sabendo que tem muito mais por trás daquela resposta, só para alfinetar diz "Sei...". E ela entendendo a indireta daquele "sei" que queria dizer quero mais explicações sobre isso, ela murmura " Me lembrou Beagá" e nisso a música acaba, deixando tudo silencioso novamente.

domingo, 13 de dezembro de 2015

A oportunidade de ser surprendida


Nesses últimos dias andei pensando muito sobre o quanto não temos nenhum controle sobre as nossas vidas, sempre fui aquela pessoa que faz mil planos para tentar achar que tem um mínimo de domínio sobre os acontecimentos ao meu redor, aquela pessoa que fica frustada quando tudo dá errado e que quer que tudo saia como o planejado. Mas nos últimos tempos, a vida foi me ensinando que as coisas não são bem assim, que eu não tenho controle de nada e que não tê-lo, não é necessariamente algo ruim. Aprendi também, que não ter controle sobre a minha vida, é diferente de dizer que não sou protagonista dela. Posso ser protagonista e ao mesmo tempo deixá-la livre para seguir um caminho que talvez fuja de um plano inicial que tinha.
Por que estou falando disso tudo? Porque fiquei refletindo sobre minha trajetória nesses últimos 2 anos na psicologia ( no sentindo literal, ao falar da faculdade de psicologia que estou cursando e no sentido metafórico também ao me referir a psicologia da vida mesmo). Há dois anos quando prestava vestibular tinha plena convicção que estava prestando o curso certo, me imaginava no futuro como uma psicóloga bem sucedida e realizada ( hoje tenho, minhas dúvidas se me imaginava mesmo...) e quando entrei no curso e o odiei, vi que aquele plano tinha ido por água a baixo, me senti frustada por meus planos não terem saído como planejado e vários meses fiquei na angustia, devido a sensação horrível de que minha vida tinha saído do meu controle. Bizarro né? 
O tempo passou, continuei seguindo o curso e algo que eu nunca tinha planejado aconteceu, eu me apaixonei, me apaixonei por educação, educação alternativa, educação democrática, por educação em geral e percebi o quanto a psicologia tem para contribuir para essa educação acontecer. Essa paixão nunca esteve nos meus planos e aconteceu, esse interesse se despertou numa aula de psicologia. E só agora refletindo o quanto e onde essa paixão se desenvolveu, me dei conta e  percebi o quanto a faculdade e o curso que antes parecia me deixar tão insatisfeita me deu a oportunidade de conhecer, de estudar e de pesquisar algo que talvez demoraria anos para conhecer ou talvez eu nem conheceria. Foi assim que percebi que não odiava tanto assim meu curso e que lá no fundinho havia um amor bem grande ainda inexplorado... 
E assim compreendi que as vezes a vida sai do nosso controle, mas nos leva a caminhos que sozinhos não andaríamos. Pensando nisso analisei que as melhores coisas da minha vida aconteceram dessa forma, sem ser metodicamente planejadas. 
Não escrevo esse texto para as pessoas pararem de planejar, continuo achando importante fazer planos, mas escrevo para pessoas que as vezes assim como eu  (o eu do passado) não aceitam as surpresas e os obstáculos que aparecem ao decorrer dessa vida (que insistimos em ter controle) e acabam perdendo a oportunidade de receber os brindes que as nossas vidas nos dá.

*P.S: O odeio essa foto, mas tenho boas lembranças de quando ela foi tirada, foi uma fase que realmente a vida estava me surpreendendo, além de eu estar inteiramente torta, também estou com os cabelos bagunçados devido o vento (coisa que eu amo). Escrevi esse texto já faz um bom tempo, mas sempre que eu o leio acho que tem cara de auto-ajuda (coisa que odeio) e por isso nunca posto, porééém resolvi ignorar esse fato e compartilhar, tenho certeza que vou me arrepender em seguida de ter publicado. 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre a arte de viajar...


Sobre viajar... Nunca entendi o porquê das pessoas falarem tanto que viajar é liberdade, amadurecimento, conhecimento, crescimento... Até que eu comecei a viajar, aí tudo passou a fazer sentido... Esse ano foi um ano que me permiti conhecer lugares novos, fechar as malas e embarcar. Não sei explicar, só sei que de cada viagem voltei diferente, mais dona de mim, mais entendedora do meu ser, mais madura, mais feliz e acho que também mais realizada. As vezes me pergunto se essas sensações são psicológicas ou se tudo isso aconteceu mesmo porque eu viajei... Não encontrei respostas para essa pergunta, mas tenho uma hipótese, quando viajamos acabamos passando por uma série de experiências e são as experiências que nos tornam mais sábios, mais velhos, mais maduros, que nos ensina.  
Viajar sempre foi e ainda é para mim sair da zona de conforto, pensar em perguntas que até então não tinha tido tempo para refletir, descobrir como agiria em situações aleatórias, passar por imprevistos, adquirir um repertório de histórias para contar, sentir aquele friozinho na barriga e é acima de tudo sentir cansaço (Viajar cansa muito, mas para mim sempre valeu muito a pena). 
Tenho a sensação que fazer as malas é fugir de si mesmo, para se encontrar... Paradoxo completo... Nas minhas últimas viagens aprendi muito sobre o mundo e sobre mim. Mas queria registrar sobre a penúltima que aconteceu em agosto, essa foi repleta de primeiras vezes... Foi a primeira vez que andei de avião, foi a primeira vez que apresentei uma palestra em um congresso, foi a primeira vez que enfrentei meu medo de altura e subi escadas e pedras que jamais subiria, foi a primeira vez que entrei numa cachoeira tão gelada... Parece coisas fúteis, mas tiveram uma importância significativa para mim, e não sei se foi o banho de cachoeira, se foi as experiências adquiridas ou se foi a vida mesmo, mas voltei diferente, voltei energizada, me sentindo mais segura, confiante, feliz. Queria poder fazer isso mais vezes, queria poder investir em mais momentos como esse, me desprender do mundo com mais facilidade e me deixar conhecer mais lugares, mais pessoas, mais culturas, mais eu mesma. Por mais cachoeiras, mais casinhas antigas (que eu sou apaixonada), por mais malas e aeroportos na minha vida e na de todo mundo.

Tenho a besta mania de não tirar fotos quando viajo, fico tão preocupada em aproveitar e curti o momento que esqueço sempre de fotografar... Maaaaaas tenho algumas que estão em péssima resolução porque foram tiradas com meu celular, mas conseguiram registrar um pouco do momento e ficam aqui como lembrança, dessa semana tão especial para mim...





Obrigada Goiás por ter me recebido tão bem, já sinto saudades!

domingo, 27 de setembro de 2015

100 palavras para 3 viagens...


Rodoviária, aeroporto, carona, malas de rodinha, mochila, bagagem de mão... Coração na mão, friozinho na barriga. Vontade de voar, flutuar. GPS, mapas na mão, bússola da vida. Sonhos, experiências, aventura. Sangue na cabeça, sangue no coração. Viajar para se encontrar, encontrar-se para viver. Medos, aventuras, romance, insegurança.... Amigos novos, velhos amigos, aprendizados, segurança, porto seguro. Avião, ônibus, carro. Estrada, serra, pedágio, fone de ouvido, playlists novas, câmera fotográfica. Sorrisos, risos. Abraços, perdões, desculpas, beijos. Protetor solar, biquíni, tênis, moletom, crepe, brigadeiro e morango. Praia, museu, cachoeira, casinhas perdidas. Confusão... Estabilidade... Vontade de não voltar, saudade de casa. Histórias para contar.


100 palavras para resumir minhas 3 últimas viagens, que se descrevem em apenas uma: LIBERDADE.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sobre os blogs antigos... Sobre a blogsfera atual...

As vezes eu passo por aqui, e fico pensando o tanto de coisas que queria escrever e não escrevo... Faz parte do meu famoso perfeccionismo, nunca está bom, nunca está do jeito que eu queria, nunca tenho tempo para tirar fotos para ilustrar aquele determinado texto, etc, etc e etc. E assim as semanas se passam, os meses vão e as palavras que queria escrever sempre acabam se evaporando. 
Ontem a noite antes de dormir, fiquei lembrando da época que os blogs eram pessoais, que as pessoas escreviam um diário virtual, em que as postagens eram mais para quem escrevia do que exatamente para outra pessoa ler. E me bateu uma super saudade. Eu gostava de ler os relatos dos outros, saber sutilezas e coisas sem importâncias... Agora vejo muito mais propagandas de produto de beleza do que desabafos perdidos... Não que isso seja ruim, os tempos mudam e sempre existe espaço para tudo nesse mundo virtual. Mas sinto saudade de um espaço próprio para escrever o que penso, o que sinto, sem me importar em fazer algo bom e organizado que certamente estaria presente naquelas dicas super populares de como  bombar seu blog... Eu não preciso disso, nunca quis na verdade... Então porque não escrever quando sentir vontade? Sem me preocupar se está legal, se alguém vai ler, se enquadra-se na categoria postagem popular etc... Acho que essa blogsfera está precisando de mais liberdade, de menos receita e mais simplicidade, na verdade talvez não seja a blogsfera e seja eu mesma que precise disso.
Acho que esse texto é o começo dessa revolução, porque agora resolvi que o Janela Dela vai ser mais para mim do que para os outros, vou me preocupar menos com fotos, edição, conteúdo legal, design. E mais com o que estou sentindo, com o que tenho para desabafar, com as experiências que venho passando, com minha vida no geral...
Acabei de fechar uma janela e abrir outra... Que eu consiga manter aberta por muito tempo essa nova janela... Sem promessas de posts novos... Mas com a vontade imensa de mudar essa desatualização constante que sempre dominou a Janela Dela...

P.S.: É a primeira postagem que escrevo direto, sem ler novamente, sem postar foto, sem escrever no word, sem me preocupar se está inteligível... E é uma sensação libertadora 

segunda-feira, 30 de março de 2015

Quando resolvi devolver as CARETAS ao mundo

fotos caretas, comportamento, textos

Teve um tempo que me achava a problemática. Não que eu seja normal... Sou sim a louca, maluca e anormal, mas não me acho problemática pelos motivos que achava antigamente. Sempre achei que tivesse seríssimos problemas por não conseguir beber, não fumar, não me sentir bem em uma balada ou em lugares fechados lotados e com música alta. Eu era a estranha, meus amigos todos estavam naquela fase de sair todos os finais de semana e estarem cheios de histórias para contar. Gostavam de falar do porre que tinham tomado no sábado à noite ou das coreografias que haviam aprendido a dançar. As meninas ficavam falando sobre que roupa se vestir e quais caras pegariam na próxima festa.

Tentei várias vezes ir a onde todos iam e agir como eles agiam, não vou falar que odiava completamente todas as aventuras que vivenciei, mas posso dizer que trocaria aqueles passeios facilmente por outras atividades que me deixassem mais confortáveis. 
Passei boa parte da minha adolescência desenvolvendo estratégias para conseguir suportar esses “rolês”, me perguntava com a cabeça no travesseiro na hora de dormir qual era meu defeito, por que era diferente da galera? Por que não gostava daquilo? E várias vezes me perguntei se haveria algum segredo para aprender a gostar daquele “estilo de vida” ... Nunca obtive respostas até pouco tempo atrás.

Não achei a fórmula mágica para lidar com isso tudo, simplesmente resolvi falar para quem quisesse ouvir o que eu gostava e o que não gostava. E parei de fazer o que não gostava. Adeus balada, adeus tolerar bêbados, adeus sair todos os finais de semana para acompanhar os assuntos do restante da semana. Virei a anormal assumida, que não liga para o que os outros pensam (Talvez ainda ligo um pouco, estou trabalhando nisso ainda) e também não faz o que os outros fazem.

Sou a típica pessoa que vai sem remorso numa sexta-feira à noite num restaurante de comida japonesa com a família enquanto todos estão naquela festa descolada... Sou a chata que não liga de passar um domingo preguiçoso jogada no sofá lendo um livro e escutando uma música boa.  Aprendi a fazer caretas (Sim sou a mestre nelas) sem me importar com os olhares curiosos.

Mas e os amigos? Então você é anormal, chata e antissocial? Não! Posso ser chata e anormal, mas não antissocial. Se tem uma coisa que adoro é conversar e encontrar meus amigos... Mas para isso não preciso encher a cara em um bar com música alta que me deixa surda e rouca de tanto gritar. Eles vêm na minha casa, amo ver minha sala cheia de gente, adoro quando nossos encontros acabam em pizza e panela de brigadeiro. E sobre ficar bêbada, fico as vezes, mas geralmente é com uma turma exclusiva de amigos, na sala de jantar de casa com um fundie acompanhado de uma boa garrafa de vinho. Ou num churrasco que termina em batida com vodka.

Mas você só fica em casa? Não! Eu saio, mas quando eu quero e se estou com vontade... Não ligo em ir em barzinhos a noite com a galera, mas não os frequento apenas por obrigação como fiz num longo período da minha vida. Nessas ocasiões em que saio, fico sóbria e já não me importo em dizer para quem quiser ouvir que não bebo. Também não ligo em ficar encostada no bar, um pouco longe da música e da pista para não precisar gritar ao conversar com alguém. E adoro observar as pessoas, selecionar os que merecem uma chance ou não e conhecer indivíduos novos. E me divirto muito desta forma.

Quando comecei a agir assim, descobri que junto comigo existe um grupo de gente anormal, na verdade percebi que não sou tão anormal assim, que há pessoas iguais a mim que acham superficial e artificial essa vida que tentei tanto copiar. Percebi que existe sim uma galera que prefere ficar em casa jogando baralho com os amigos e que faz caretas muito piores que as minhas. E aí uma luzinha se acendeu na minha cabeça, sinalizando que eu não estava sozinha no mundo, a partir daí comecei a me sentir mais em casa, mais eu, mais completa, e me arrependi de ter demorado esse tempo para mostrar para o mundo minha verdadeira face, que hoje tanto amo como aceito.

E com certeza me tornei uma pessoa mais legal por ser eu mesma, não preciso me reinventar toda vez que saio, me sinto segura sendo o que sou. E assim obviamente quando você se aceita passa a ser muito mais fácil as pessoas te aceitarem.

Agora se alguém me olha com careta quando digo alguma coisa que é estranho (raramente isso acontece, na maior parte do tempo o povo acha legal, minhas filosofias de vida), já nem ligo mais, porque sei fazer caretas muito piores que as desse alguém, e sempre as devolvo complementando-as com sorriso autoconfiante logo em seguida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Amar verbo transitivo direto?


Ele insiste em me ensinar gramática mesmo tendo explicado milhões de vezes que precisava de um professor de matemática. Com o seu cinismo diz que não é professor, não terminou a faculdade, está no segundo ano de Letras e ainda é um estagiário... Para mim dava na mesma, precisava urgentemente aprender matrizes, determinantes e sistemas lineares e ele tentando ensinar-me verbo transitivo e intransitivo.
Quem diria que eu fingiria precisar daquela ajuda ou pior me apaixonaria por um leitor de Shakespeare e de Carlos Drummond de Andrade, seria um pesadelo?
Foram-me ensinadas mil regras gramaticais: Pronome oblíquo, crase e nova ortografia, mas só consegui absolver seus olhos verdes, e com certeza aprendi sobre todas as linhas do seu rosto, o seu jeito determinado e como roía as unhas quando estava nervoso...
E mesmo assim aquele cara me explicava: Amor- substantivo abstrato, amar- verbo transitivo direto. E depois de achar que tinha aprendido, confundi-me toda, afinal não tinha um livro do Mário de Andrade chamado “Amar verbo intransitivo”? Ou seria um poema de Drummond? Já não me lembro, mas que existia não tenho dúvidas! Não importa... Ou talvez importe... Por que Mário Andrade diria que amor é intransitivo, sendo que para gramática ele é transitivo direto? Amor é algo muito complexo para se seguir regras, mais difícil ainda é classificá-lo...
Uma coisa é certa qualquer poeta conhece o amor melhor do que um professor de gramática, principalmente melhor do que o estagiário que está do meu lado, este se fosse esperto teria parado de me enrolar, me convidado para tomar um café ou para comer uma torta de limão com chantilly, mas enquanto não faz isso, finjo que preciso de reforço de português e ele finge que não sou boa o suficiente para escrever. E no lugar de estudarmos passamos horas, lendo juntos, Pablo Neruda... Assino a lista de presença no final das aulas e ele faz os meus deveres de casa que tenho que entregar na secretária. Só espero que não desconfiem que a minha letra não é tão feia quanto à dele!

(Esse mini texto pertence ao meu baú de textos abandonados escrito num tempo distante em que estava nos primeiros anos do ensino médio haha)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A saudade de João e Maria


Ela arruma as malas. Ele também. Ela coloca na sua bagagem quatro trocas de roupas, 3 biquínis, protetor solar, um par de havaianas, óculos de sol e outras coisas úteis para a praia. Ele encaixota todas as coisas que tem no seu apartamento, todas as suas roupas, sapatos, livros, o tão amado violão, e ao olhar para trás só vê os cômodos com o chão vazio e dá um adeus silencioso para aquele lugar que foi seu lar por um ano.
Ela se chama Maria, ele se chama João. Maria viajará por uma semana junto com sua família para aproveitar as férias, João voltará para casa da família, pronto para deixar o colegial e iniciar a faculdade.
Ela anda de avião pela  primeira vez, e ele vai de carro até chegar na estrada de terra, que chega ao seu verdadeiro lar.
João fica contente de olhar para a fazenda que viveu na infância, fica mais feliz ainda por encontrar a família toda reunida aguardando sua presença, mamãe fez bolo de fubá, papai tirou o leite da vaca fresquinho, e ele tem aquela sensação de estar no lugar certo, afinal ninguém estranha seu sotaque ali, pois todos falam da mesma forma que ele. Ao lembrar disso, dá um sorrisinho entre os lábios, por perceber que aquele era o seu diferencial dos demais colegas do colégio onde passou o ano. Todos os meninos comentavam que queriam ter aquele sotaque de interior, pois agradava as meninas que ficavam caidinhas por ele.
Maria, durante todo o vôo ficou distraída, sua memória estava vagando, lembrando da primeira vez que ouviu um menino carismático falar com aquele sotaque caipira um tanto sensual. Ela lamentava que ele só tivesse ido para cidade grande para estudar e passar no vestibular, seria tão bom se ele ficasse por lá.
O avião pousou, A família dela estava agitada e animada com o passeio. Todos eles pareciam realmente turistas, com câmera fotográfica na mão, o irmão mais novo  tirava  foto de tudo e de todos. Maria olhava para o celular mas sua caixa de mensagem estava vazia.
João acabou por trocar seus tênis comprados na cidade grande, pelas antigas botinas, e na hora que percebeu já estava alimentando as vacas e os cavalos, indo almoçar meio dia em ponto e recolhendo os ovos dos ninhos das galinhas... Mas não conseguia se desprender do celular e por mais que tentasse não achava sinal em nenhum ponto da fazenda. Se fosse antes, não se importaria com área, tão pouco com celulares e equipamentos eletrônicos, mas agora era diferente, sua vida tinha mudado desde que passou a morar numa cidade com mais de 200 mil habitantes. Ele sentia falta do shopping, da escola, do asfalto, dos amigos que fizera lá e acima de tudo ele sentia falta de Maria.
Uma semana passou, Maria andou de avião pela segunda vez, voltou queimada da praia e com uma câmera cheia de fotos tiradas pelo irmão. Tinha ainda um mês de férias e isso começava a lhe entediar. Não sabia exatamente o porque, afinal João não estaria mais na escola quando ela voltasse a estudar.
Ninguém lá da fazenda entendia o que estava acontecendo com ele, nunca fora impaciente, ou se incomodara com a terra, mas ele andava desanimado e muito irritado por não encontrar sinal para o bendito celular.
João reuniu a família depois de 3 semanas da sua chegada, e disse que não conseguiria passar o restante dos dias ali, antes de ingressar para faculdade fez as malas, colocou-as nas costas e partiu para curtir o final das férias onde se sentia bem.
Bateu na porta do antigo apartamento e quem abriu foi o colega de quarto que não se espantou em encontrá-lo por ali, o amigo sorrindo apenas disse ,- sabia que você voltaria.  Eles se abraçaram, e João despejou as coisas novamente no apartamento, pegou o celular e ficou aliviado ao conferir e ver que agora tinha sinal. Esperava que Maria já tivesse lido sua mensagem.
Ela enquanto isso, suspirava em pensar que ele estava mais próximo do que podia imaginar, e a mensagem dele não saia da sua cabeça, suas palavras foram mais do que claras e apenas diziam: Não agüentei, voltei para te ver.
E Maria soluçava de felicidade, estava com saudade daquele sotaque e ao dizer isso para João, o menino riu porque na verdade era ele que estava com saudade de ouvir o jeito esquisito que o povo da cidade grande falava.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O buum da pilha de livros



Ela chega as dez, a livraria  acaba de abrir, mas antes passou do MC Donald’s para pegar dois cafés, desde que começou a trabalhar ali, no meio de muitos livros, sua vida passou a virar literatura... Pega seu avental vermelho e fica pensando porque um vendedor de livros de uma livraria no shopping precisa ter um uniforme assim.
São 10:10h  e o movimento é fraco, ela precisa catalogar milhões de livros novos que chegaram, precisa tirar o pó das prateleiras empoeiradas e ainda sim separa um tempinho para admirar os lançamentos do mês, na verdade metade do seu salário fica lá na loja mesmo, não chega nem a entrar na sua conta bancaria, ela  tenta ser esperta lendo alguns na própria livraria, mas quando o livro é bom, sente a necessidade de comprá-los para arquivar em sua coleção.
E o pessoal de lá é mais bem humorados do que ela imaginava antes de começar a trabalhar ali, todos compartilhavam uma paixão, eram fascinados e apaixonados pelo  emprego que tinham, riam e se divertiam o expediente inteiro, e o clima só ficava chato quando a patroa mal humorada chegava.
Aquele não era um bom dia, por mais que tivera tempo para comprar o café, havia perdido a hora, o ônibus tinha quebrado e ela tinha milhares de metas de fim de ano para cumprir, naquele dia  seus cabelos estavam desalinhados, e só tivera tempo de passar seu batom vermelho de costume... 
Empilhava um conjunto de livros do lançamento da autora da série Harry potter, e se fosse confessar diria que não agüentava mais ver o titulo “Morte Súbita” espalhado pela livraria, estava distraída analisando o Call seu parceiro de vendas atendendo uma mocinha bem atrevida para a opinião dela...  Nova, loira com olhos azuis e um tanto bonita, isso a encheu de ódio ao se lembrar que ela estava numa condição péssima e com um cabelo estilo juba de leão.
Foi nessa distração que toda a pilha de livros caiu no chão com um estalo que parou a livraria. Ela pensou em sumir, mas apenas lembrou que aquele não era um bom dia! Buuuum, era necessário recolher livro por livro e começar tudo de novo, mas o Call em um impulso natural, correu para ajudá-la e os dois na hora que terminaram de recolher os livros, já estavam rindo como se nada tivesse acontecido, o papo estava tão bom que ela até tinha se esquecido da menina de cabelos loiros, foi quando ela olhou para o lado e deparou-se com a menina olhando, Call que também percebeu, olhou para loira e lhe perguntou o seu nome, ela chamava-se Liza, a Liza deu um sorriso e falou que os dois funcionários formariam um belo casal.
Ainda com seus cabelos bagunçados ela trocou um olhar confuso com Call, e este sorriu para Liza dizendo que eles formavam mesmo um casal realmente lindo, piscou para ela que para disfarçar a confusão causada pelas palavras do amigo ficou olhando para seu avental vermelho, ela  não entendeu nada, pois até então pensava que eles só eram amigos.
Começou a tocar uma música,trilha sonora dos anos 50, e isso só podia ser armação das amigas do departamento de CD da loja. Call a levantou do chão afinal ela ainda estava arrumando os livros que tinham caído e a puxou para o meio da livraria para dançarem juntos, agora ela entendia porque as livrarias tinham trilha sonora... Todos os clientes ficaram suspirando afinal estavam presenciando romantismo puro que geralmente procuravam nos livros, Call sussurrou nos ouvidos dela: Quer namorar comigo? E a moça apaixonada não só por livros decidiu que aquele não era mais um mau dia, mas mesmo assim  os seus cabelos continuavam terrivelmente armados... 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Feliz ano ímpar...


Uma tristeza passou a me consumir e acho que escrever virou o  meu novo refúgio. O problema é que não sei sobre o que escrever, não estou apaixonado,não estou inspirado e muito menos entediado.
Só estou triste... Essa tristeza apareceu e esqueceu de ir embora, tento buscar a felicidade,mas nada me deixa alegre. Minha infância foi embora e com ela também foi embora a facilidade de sorrir...

Um bebê chora incansavelmente no prédio ao lado, um casal de vizinhos brigam... Fico pensando se na casa deles acontecem aquelas brigas de filme em que pratos voam e porcelanas se quebram em mil pedacinhos... 
Tudo de um tempo para cá passou a ser tão sem sentido... Meu carro ficou velho demais, meus amigos estão brigando por coisas irrelevantes, cresce o número de pessoas hipócritas e ao ligar a televisão percebo que só tem programas fúteis.

O mundo fica dando voltas e batendo nas mesmas teclas. Israel e Palestina... Faixa de Gaza... Rebeldes na Síria... Pessoas inocentes morrendo... É tão repetitivo, é tão horrível...
Fico tentando imaginar o que será da vida daqui a 10 anos... Como estará o mundo? O que será de mim? Casarei? Terei um filho para jogar futebol? Uma casa para criar? Uma mulher para cuidar? O que ocorrerá com o aquecimento global? Efeito estufa? Energia renovável? Petróleo?

Ou melhor o que será de mim daqui a 6 meses? O que será da política? Da crise econômica? Da corrupção? Da guerra do Iraque? Quantas perguntas sem respostas... Não sabemos nem o que será do dia de amanhã quem dirá do futuro... 

Está na hora de abandonar esse ano...  Fazer as malas do passado, e só levar para o futuro as coisas boas, abandonar a bagagem das mágoas, das dores, das decepções... Já carregamos peso demais nas costas...

E assim começa a surgir a minha lista de metas para o ano que vem, a tristeza vai perdendo espaço.... Surgem luzinhas de Natal, fogos de artifício, férias de verão, mas também  surge àquela pertinente pergunta: O que esperar do ano novo?  
Sempre tive uma queda pelos anos pares e o próximo será ímpar...  Que rufem os tambores para se dizer: Que venha 2013!

domingo, 2 de setembro de 2012

O meu tic-tac



Cada dia que passa chego à conclusão que o tempo não para e sim voa... Já faz um mês que as férias de julho passaram, seis meses já se foram... Com eles foram embora um amor, quatro blocos de fichário, algumas noites mal dormidas e também surgiram muitos sonhos, algumas novas amizades e a certeza que a nossa vida está aqui para ser vivida.

Faltam menos de três meses para as próximas férias, com elas vem inúmeros vestibulares, as incertezas de escolher a profissão certa, o medo de dar tudo errado!

É aterrorizante ouvir o tic-tac do relógio, ver que muitas das suas amizades estão se dissolvendo, que aquelas pessoas que tinham um lugar especial foram perdendo espaço e que os nossos super-heróis não tem mais poderes como nós imaginávamos que tinham.

Odeio lembrar que cresci, que passei assumir responsabilidades que nunca foram minhas... Tento me lembrar quando foi que passei a andar no banco da frente do carro, quando passei a voltar da escola sozinha, quando aprendi a fazer arroz, quando passei a não ter mais horário para voltar das festas, quando comecei a vestir roupas de adulto... Mas não consigo lembrar de nada disso, de nenhum período de transição, só me lembro da menina que fazia xixi na cama e implorava pela mamadeira e da nova garota que já paga inteira no cinema e não precisa mais assistir só filme com classificação livre.

No  fundo  uma tristeza vai me consumindo, tem tantas coisas que eu ainda quero fazer, mas falta tempo para realizá-las. O relógio está de mal comigo... Quero voar num céu azul, nadar num mar aberto, correr sem ter para onde ir, quero que alguém olhe nos meus olhos e sussurra nos meus ouvidos que tudo vai ficar bem.

Quero que alguém me abrace bem apertado dizendo que ainda sou uma garotinha e que tenho muito tempo pela frente... Mas ultimamente acho isso meio difícil de acontecer, afinal todos nós estamos correndo, fico me perguntando por que temos tanta pressa? O tempo sempre vai vencer a corrida, então para que correr contra ele?  Resolvi parar de pensar sobre isso e apenas fazer o que sinto vontade, sem olhar para o relógio, sem pensar no que eu poderia ter feito ou no que terei que fazer, apenas quero viver o agora e por mais difícil que pareça essa é a parte mais fácil, o difícil é pensar nas consequências ...

sábado, 14 de julho de 2012

E eles viveram felizes para sempre




Afinal o que é amor? Ao mesmo tempo em que acho essa pergunta tão clichê, também a acho um tanto difícil de responder!

A principio acredito que o amor deve estar presente em tudo o que fazemos, sonhamos e buscamos... Ao defini-lo é natural imaginar um casalzinho apaixonado, ou milhares de corações desenhados na capa de um caderno com duas iniciais escritas... Mas amar é só isso? Entendo o amor de uma forma muito mais ampla, amor pra mim é respeitar o próximo, é confiar, é acreditar que aquela pessoa é essencial para nossas vidas... Amor de mãe, amor de pai, amor de amigo, tem amor melhor?

O amor move as pessoas, é uma força interior que aproxima uns dos outros, e para que esse sentimento funcione é necessário à gratuidade, nesta dimensão ninguém pergunta qual o preço, quanto custa, pois está presente a doação, o serviço, a renúncia... No mundo em que vivemos hoje, falta compaixão e só existe esse sentimento quando temos amor dentro de nossos corações. Pergunto-me se temos amor pelas pessoas que passam fome, pelos doentes que esperam leitos, pelas pessoas que não tem onde morar,pelos drogados que ficam largados! E concluo uma resposta: Não temos amor por nenhum deles! Porque se tivéssemos, pelo menos tentaríamos lutar para vê-los num lugar melhor! 

Nessa sociedade, competitiva, agressiva, interesseira e injusta os verdadeiros sentimentos são largados de lado. Cada dia que passa a resposta para perguntas como: A onde se esconde o Amor? Ficam mais difíceis de se responder, afinal atualmente sentimentos assim são ignorados por nós, tornaram-se  banais, insignificantes e ridículos.

Depois de falar do amor de caridade, do amor ao próximo, do amar Deus sobre todas as coisas, acho que é necessário voltar a falar do amor de companheirismo... Que cada dia mais me desaponta... As pessoas esqueceram que as outras têm sentimentos, não estão nem aí pros outros... Elas ficam por ficar, dizem “te amo” da boca pra fora, se casam com a idéia de que existe divórcio caso não dê certo e acham impossível fazer bodas de ouro... Será que só eu sonho em encontrar a pessoa ideal? Será que só eu quero: “E eles viveram felizes para sempre”? Como vivemos o amor ? 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ela não gosta de abraços




Por que eles insistem em abraçá-la? Ela não gosta de abraços! É tão difícil entender? As pessoas são cheias de dar abraços falsos, abraços que não representam nada, abraçar por abraçar, ela era cheia de evitar as pessoas que se aproximavam com os braços abertos... A menina acreditava que abraçar virou algo generalizado, assim como amar virou algo banal, as pessoas dizem “te amo” da boca para fora, elas olham para alguém e se apaixonam, ficam com qualquer um e já não dão os verdadeiros abraços.
Essa menina, buscava o abraço ideal, ainda acreditava num mundo melhor, queria que as pessoas deixassem de banalizar os sentimentos... Os colegas a achavam fria e aqueles que não a conhecessem direito, a chamariam de “quadrada”, porém o que ela queria era só abraçar as pessoas que realmente mereciam. ABRAÇOS, MAIS ABRAÇOS E ABRAÇOS... Quanto abraço sem necessidade... Ela odiava despedidas ou chegadas inesperadas que mereciam abraços... Afinal, pra que tanto abraço???
Porém naquele dia foi bem diferente, uma pessoa inesperada apareceu sem ao menos avisar, procurando-a por todos os lugares. Até que seus olhos se encontraram no meio da multidão e não houve lugar para onde fugir... Ele foi se aproximando e ela sabia que não tinha como escapar, o rosto dele se iluminou ao vê-la e ele presenteou o coração da garota com um sorriso torto que esbanjava perfeição...  Os dois foram ficando cada vez mais perto, trocaram um tímido oi e ele sem avisá-la a surpreendeu com um abraço,porém abraçou-a de uma maneira tão diferente, que suas mãos se encaixaram perfeitamente na cintura dela e esta sem resistir acabou passando seus braços sobre o pescoço dele... E os dois começaram a rir...
Talvez aquele teria sido o melhor abraço que ela receberá em toda sua vida ou às vezes foi o único verdadeiro, mas a menina tinha uma única certeza, se ela pudesse nunca mais se soltaria daqueles braços tão perfeitos. Foi assim que ela percebeu que abraços são tão bons quanto as melhores coisas da vida, e para se tornarem inesquecíveis é necessário que sejam de ambas as partes... Passou o restante da noite pensando, se só ela guardaria aquele abraço para sempre... E obteve uma certeza, aquele menino a ensinou  o significado de se abraçar.
Seus amigos continuaram a insistir e dizer para todos que ela não gostava de abraços. Mas no fundo, no fundo a garota sabia muito bem, de que ela havia aprendido a gostar um pouquinho de abraços, mas na verdade só queria mesmo era ganhar outro abraço especial...

domingo, 13 de maio de 2012

A história: Um guarda-chuva vermelho




A chuva bate na janela e lembro da ultima vez que corri nela, era uma noite de julho e meus cabelos voaram na brisa, Afonso corria comigo e nossas roupas se ensopavam com a água fria da garoa que mais tarde se transformou em tempestade. Minhas mãos se dividiam entre o guarda-chuva vermelho e a mão quente dele. Nossos olhares se cruzavam em silêncio e por mais que não queríamos nos molhar lutávamos para não chegar em casa, nenhum dos dois queria se separar. Cada minuto que podíamos ficar juntos era precioso, no outro dia não haveria mais chuva, mãos dadas, sorrisos ou abraços, ele pegaria o avião e dificilmente voltaríamos a nos ver...
Todos comentam dos famosos romances de verão, porém ninguém se lembra dos de inverno,esses começam do nada e acabam mais rápido do que podemos imaginar, posso compará-los com o frio, quando ele chega sentimos falta do calor, porém quando vai embora esperamos por ele ansiosamente.
Sinto falta daqueles dias... Escuros, sem vida, congelantes e angustiantes para muita gente, menos para mim. Gosto de lembrar das corridas de mãos dadas na chuva, das xícaras de chocolate quente, das blusas de frio emprestadas, dos filmes em baixo do cobertor e das longas e intermináveis noites sem energia, quando nos sentávamos um do lado do outro no escuro para conversar milhares de coisas e rir sem motivo.
Acabamos junto com o frio, ao ir embora ele me levou o amor... Os cobertores foram guardados, troquei o chocolate quente por refresco, e o sol iluminou o restante dos meses. Ficaram só lembranças e saudade.
Agora com a chuva batendo novamente na janela meu coração se aperta percebendo que o inverno já voltou. Lembro-me que é hora de voltar a usar o guarda-chuva vermelho e os cobertores, porém tem uma grande diferença, Afonso não estará aqui para dividi-los comigo ou para ao menos me emprestar sua blusa de frio ao me ver tremer... É acho que agora o inverno será triste, angustiante e ainda mais deprimente do que é para as outras pessoas... Não vejo a hora de o verão voltar.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O trem da dor


Naquele dia até o céu resolveu se fechar para o sol. Acho que ele se comoveu com minha história. A chuva fina começou a cair sobre todos... As pessoas praguejavam por se molharem, cobriam-se com capuz, blusas, guarda-chuva. Ninguém entendia o verdadeiro significado dessa chuva... O céu chorava junto comigo e nossas lágrimas se misturavam...
Tudo parecia loucura, porém para mim era indiferente, já não pensava em mais nada. A vida já não fazia mais sentido... Meu corpo fraquejava, mas eu implorava para ele andar, não podia parar... Tinha um destino para alcançar... Não sabia aonde e nem como encontrá-lo, mesmo assim sabia que ele me esperava...
Minhas pernas lutavam contra o cansaço, minha cabeça girava, meu coração batia devagar... Desconfiei que ele fosse parar, mas nem me importei ,nada mais importava... Foi quando caí...
Para que tudo isso? O único som que ecoava na minha cabeça era o barulho daquele trem... O trem que ao partir quebrou o meu coração... Nele estava o meu amor... Que partiu acenando e fazendo juras de amor eterno... Por que foi embora? Por que me abandonou?  Esqueceu que me coração era grudado ao dele?
Todo o resto que existia de mim foi levado com o trem...  Foi embora minha vida, meu coração...
A chuva passou, o sol voltou e o céu me presenteou com um arco-íris. Meu corpo pediu para levantar e eu resolvi encontrar o caminho que procurava... O encontrei, precisava seguir um caminho diferente, longe do trem, longe dele... Longe da chuva e das lágrimas salgadas... Perto do arco-íris, perto do amor que não machuca, que não abandona... Achei-o, o mais rápido que imaginava... Sempre esteve ao meu lado me esperando e eu nunca havia sequer desconfiado...




sábado, 11 de fevereiro de 2012

Páginas da Vida...



 Sabe aquelas pessoas que entram na nossa vida e insistem em ficar? No primeiro momento nos achamos privilegiados por tê-las, não acreditamos que existem... Até que um dia elas nos magoam tão profundamente que sentimos necessidade em esquecê-las... É tarde demais, já amamos, conhecemos, compreendemos e queremos essas pessoas ao nosso lado.
Pensei que tinha encontrado uma solução para esquecê-las... Comprei uma borracha para apagá-las da minha vida, mas descobri que foram escritas à caneta e por mais que eu insista em passar a borracha, nenhuma palavra se borra no papel! Foi então que percebi que elas já então registradas, marcadas, grifadas na minha memória... Meu coração me impede de usar errorex para apagá-las ou lápis para rasurá-las, porém meu cérebro implora para não só apagar a frase escrita como também para rasgar e jogar fora a folha em que as escrevi, mas isso dói demais, afinal essa folha é uma página da minha vida; como podemos apagar uma parte da história de nossa trajetória?
Acabei por encontrar uma solução melhor, deixei de lado a borracha... Não apago a frase, nem rasgo a folha, apenas continuo a escrever, formando um texto... Quem sabe aquela pessoa não passa a ser uma frase sem coerência e coesão no meio de várias outras inesquecíveis, belas e marcantes? Agora aprendi que sempre dá para colocar um ponto final nas frases que nos magoam... E nada melhor do que começar a escrever um novo parágrafo para aquelas pessoas que realmente valem a pena...   

                                                                                                                      

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Encontros e desencontros




Saí às presas de casa, estava adiantada para meu encontro, porém a minha ansiedade não me deixou esperar. Peguei meus fones de ouvidos e minha mochila e não voltei quando minha mãe gritou, -Melissa, volte aqui!
Corri sem olhar para os lados, não era todo dia que Nina, minha melhor amiga vinha me visitar. Estava com muita saudade e raiva ao mesmo tempo, pois havia me abandonado sem ao menos avisar.
Nós éramos amigas desde sempre, vivíamos juntas, e perguntavam-nos se éramos irmãs... Porém um dia ela mudou ... Parou de atender meus telefonemas e de conversar comigo...  Derramei lágrimas sem entender o que tinha acontecido. Até que me ligou falando que precisávamos nos ver, não pensei duas vezes em combinar de nos encontrarmos...
Cheguei na pracinha combinada, bem antes do horário, sentei no meu banco de costume, tentei acalmar meus nervos...Minha cabeça girava e meu cérebro tentava entender o motivo de tudo aquilo.
Quando consegui respirar e clarear a cabeça, olhei para o outro lado da rua e avistei um menino... Meu coração começou a disparar... Ele era lindo, seus olhos cintilavam, os cabelos arrepiados voavam com o vento, seu sorriso era torto mas trazia perfeição ao rosto... Em uma fração de segundos meus pés saíram do chão, comecei a flutuar, fazer inúmeros planos e imaginar que um dia seria só eu e ele... O que estava acontecendo comigo?  Meu coração batia acelerado e meus olhos não conseguiam desviar do rosto do menino... Ele começou a se aproximar e comecei a tremer, será que estava apaixonada? Amor à primeira vista? Mas eu não acreditava nisso...
Foi quando Nina apareceu e saiu correndo ao meu encontro, me iluminei com a alegria em sua face, mas só pensava no garoto do sorriso torto... Nina estava com os braços aberto e imaginei que ela vinha me abraçar, porém me enganei, afinal ela correu para os braços dele, lhe deu um profundo e romântico beijo nos lábios que esbanjava tanta perfeição...  Ela conhecia o menino do sorriso torto? Eram amigos? Meu peito doía e minha cabeça pedia um pouco de lógica para essa confusão... Ao ver aquele beijo meu coração se partiu e as lágrimas surgiram para embaçar os meus olhos...
Nina com um sorriso nos lábios e sem perceber meu sofrimento, pegou o menino pelas mãos e o trouxe ao meu encontro,olhou para mim e disse com sua voz fina e doce:
- Melissa, esse é o meu namorado!
 Foi nesse momento que tive certeza que meu mundo havia desabado...