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segunda-feira, 30 de março de 2015

Quando resolvi devolver as CARETAS ao mundo

fotos caretas, comportamento, textos

Teve um tempo que me achava a problemática. Não que eu seja normal... Sou sim a louca, maluca e anormal, mas não me acho problemática pelos motivos que achava antigamente. Sempre achei que tivesse seríssimos problemas por não conseguir beber, não fumar, não me sentir bem em uma balada ou em lugares fechados lotados e com música alta. Eu era a estranha, meus amigos todos estavam naquela fase de sair todos os finais de semana e estarem cheios de histórias para contar. Gostavam de falar do porre que tinham tomado no sábado à noite ou das coreografias que haviam aprendido a dançar. As meninas ficavam falando sobre que roupa se vestir e quais caras pegariam na próxima festa.

Tentei várias vezes ir a onde todos iam e agir como eles agiam, não vou falar que odiava completamente todas as aventuras que vivenciei, mas posso dizer que trocaria aqueles passeios facilmente por outras atividades que me deixassem mais confortáveis. 
Passei boa parte da minha adolescência desenvolvendo estratégias para conseguir suportar esses “rolês”, me perguntava com a cabeça no travesseiro na hora de dormir qual era meu defeito, por que era diferente da galera? Por que não gostava daquilo? E várias vezes me perguntei se haveria algum segredo para aprender a gostar daquele “estilo de vida” ... Nunca obtive respostas até pouco tempo atrás.

Não achei a fórmula mágica para lidar com isso tudo, simplesmente resolvi falar para quem quisesse ouvir o que eu gostava e o que não gostava. E parei de fazer o que não gostava. Adeus balada, adeus tolerar bêbados, adeus sair todos os finais de semana para acompanhar os assuntos do restante da semana. Virei a anormal assumida, que não liga para o que os outros pensam (Talvez ainda ligo um pouco, estou trabalhando nisso ainda) e também não faz o que os outros fazem.

Sou a típica pessoa que vai sem remorso numa sexta-feira à noite num restaurante de comida japonesa com a família enquanto todos estão naquela festa descolada... Sou a chata que não liga de passar um domingo preguiçoso jogada no sofá lendo um livro e escutando uma música boa.  Aprendi a fazer caretas (Sim sou a mestre nelas) sem me importar com os olhares curiosos.

Mas e os amigos? Então você é anormal, chata e antissocial? Não! Posso ser chata e anormal, mas não antissocial. Se tem uma coisa que adoro é conversar e encontrar meus amigos... Mas para isso não preciso encher a cara em um bar com música alta que me deixa surda e rouca de tanto gritar. Eles vêm na minha casa, amo ver minha sala cheia de gente, adoro quando nossos encontros acabam em pizza e panela de brigadeiro. E sobre ficar bêbada, fico as vezes, mas geralmente é com uma turma exclusiva de amigos, na sala de jantar de casa com um fundie acompanhado de uma boa garrafa de vinho. Ou num churrasco que termina em batida com vodka.

Mas você só fica em casa? Não! Eu saio, mas quando eu quero e se estou com vontade... Não ligo em ir em barzinhos a noite com a galera, mas não os frequento apenas por obrigação como fiz num longo período da minha vida. Nessas ocasiões em que saio, fico sóbria e já não me importo em dizer para quem quiser ouvir que não bebo. Também não ligo em ficar encostada no bar, um pouco longe da música e da pista para não precisar gritar ao conversar com alguém. E adoro observar as pessoas, selecionar os que merecem uma chance ou não e conhecer indivíduos novos. E me divirto muito desta forma.

Quando comecei a agir assim, descobri que junto comigo existe um grupo de gente anormal, na verdade percebi que não sou tão anormal assim, que há pessoas iguais a mim que acham superficial e artificial essa vida que tentei tanto copiar. Percebi que existe sim uma galera que prefere ficar em casa jogando baralho com os amigos e que faz caretas muito piores que as minhas. E aí uma luzinha se acendeu na minha cabeça, sinalizando que eu não estava sozinha no mundo, a partir daí comecei a me sentir mais em casa, mais eu, mais completa, e me arrependi de ter demorado esse tempo para mostrar para o mundo minha verdadeira face, que hoje tanto amo como aceito.

E com certeza me tornei uma pessoa mais legal por ser eu mesma, não preciso me reinventar toda vez que saio, me sinto segura sendo o que sou. E assim obviamente quando você se aceita passa a ser muito mais fácil as pessoas te aceitarem.

Agora se alguém me olha com careta quando digo alguma coisa que é estranho (raramente isso acontece, na maior parte do tempo o povo acha legal, minhas filosofias de vida), já nem ligo mais, porque sei fazer caretas muito piores que as desse alguém, e sempre as devolvo complementando-as com sorriso autoconfiante logo em seguida.